quinta-feira, 28 de abril de 2011

Torpe, 1

Torpe,


1.

A mesa estava como há cinco dias, suja, com migalhas secas de pão, uma xícara com café e algumas formigas que se aproveitam do açúcar exagerado. As janelas, entre abertas, iluminavam parcialmente a cozinha ao amanhecer de mais um dia que aquela casa passava vazia. O único som que se tem é o do telefone que insistentemente toca, e vem tocando na mesma intensidade durante esses cinco dias.

No quarto, uma mala está em cima da cama, com algumas roupas já postas, outras ainda por arrumar. A esquerda da cama, no chão, um vaso está quebrado, algumas flores ainda vivem, vermelhas, junto a elas, vindo de baixo, uma fila de formigas que talvez sejam da mesma família daquelas que estavam no café.

Na verdade, há seis dias o telefone já tocava, não havia ninguém na casa. Helena chega mais cedo, com o rosto molhado. Uma forte chuva marcou aquele dia, além da disso, as lagrimas não paravam, o soluço insistia em continuar. Encharcada, vai até seu quarto e se joga na cama que ainda está com o cheiro das flores da noite passada. Algumas garrafas juntas a duas taças posavam ao seu lado. Helena não pára de chorar. O telefone toca mais uma vez, porém, ela não consegue levantar para atender, ou na verdade, ela nem sente estar ali.

quinta-feira, 3 de dezembro de 2009

Aliaça

Que o amor seja sempre nossa prece maior

E a felicidade esteja
Acima de qualquer
Capricho e seja sempre
Cultivada

Que o desejo possa ser investido
E mensurado
Sem censura
Com Razão

E no calor dos nossos braços
Estejamos sempre
Protegidos

Que assim encontremos a calma...

Que na loucura do dia
Vivamos o AMOR
Mesmo que distante
Que ele se faça/esteja presente

Que este seja o simbolo
Para que em qualquer momento
Eu possa estar em você
E você, estar em mim
Em eterna Aliança

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

Há Vida !

Ao nascer apenas somos o que nos é projetado,
Somos projeto da vida de outras vidas.
Aos poucos tomamos consciência de que temos vida,
vida própria... que andamos com os próprios pés...
Caindo, se arranhando, tropeçando... Mas andamos...
Andamos pois aprendemos com as outras vidas que fazem
parte da nossa (seja direta ou indiretamente)...
Falamos,
pois ouvimos a voz das vidas mais próximas
desde o tempo que nem na terra pisavamos...
Aprendemos que o dia em que nossa pele sentiu o
calor dessas vozes pela primeira vez deve ser comemorado...
Comemoramos, porque aprendemos desde sempre que há vida,
que esta, mesmo que não seja importante para você, foi
um dia para outro que vive...
Porque nascer é natural,
é particular e plural ao mesmo tempo.
E por mais que tudo pareça sem sentido,
ou que acredites mesmo que não há sentido algum,
talvez falte um pouco de vida, e não há melhor dia
que o do próprio nascimento, para que se veja,
reveja; pense, repense.... e principalmente
para que "nasça" novamente.


:)

domingo, 25 de outubro de 2009

Ao dia,





São luzes que em surto gritam,
Invadem vozes que iluminam o invisível.
No aglomerar de olhares pacatos e solúveis
Sinto que aquele a quem espera pode não chegar.
Há gritos!

- Inconsúteis -,

Sublimes,
Sem morada.
E com um movimento incessante, em desespero,
Almas perdidas entregam sua existência;
A chegada é uma dúvida.
O caminho,
Um súbito desejo,
Eloqüência divinal.

Alguns chegaram,
Outros,
Transcendem especulações sobre o inconsciente.
E por fim,
Todos suspiram nuvens de cinza dor.






Não há !

De razão eu sinto falta
De razão já estou farto

Sem razão não há fartura
Sem razão falta sentido

A razão dá um sentido
mostra um caminho... renova a alma

Para que possamos (novamente) nos perder em devaneios
e recorrer a razão para achar um sentido perdido

e recorrer a razão para maquear a felicidade;

e recorrer a razão para achar que ela é a felicidade...

E viver sem razão.


De razão eu sinto falta.

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Ao ser .

Por ser de repente
Repentinamente
Não senti o passar do dias

Por ser vã
A poesia em vão da vida se encorpa
Aquecida...

Por não saber mais do que ontem,
Por não lembrar os outros nomes
O lamento toma outras cores.

Por partes,

Acontecendo!

Dormiria...

Acordaria...

Sobre viveria... Ao acaso!


Se no caso, a escolha fosse minha.

sábado, 7 de fevereiro de 2009

Verso - 1, Ao começo do Fim

Justamente agora,
Depois de tanto, tão pouco... ou um pouco mais.
Infelizmente a hora,
Quando não se sabe mais o que pensar.
Sua doce voz machuca
E esse sentimento que ofusca,
Brilha no peito de um coração de vagar.